Não estacione: carreiras são jornadas não lineares

Facebook
Twitter
LinkedIn

“A vida segue acontecendo nos detalhes, nos desvios, nas surpresas e nas alterações de rota.”

Martha Medeiros, escritora e poetisa brasileira.

Planejar, colocar no papel e criar estratégias para alcançar objetivos é sempre um exercício enriquecedor.

Atualmente, estou aprendendo muito sobre visão de longo prazo, participando do planejamento estratégico da Executiva Outsourcing, exercitando esse olhar que precisa enxergar, com clareza e foco, onde queremos estar daqui a cinco anos.

Como contei no meu último artigo, sempre fui focada no agora, atenta às demandas e necessidades do momento. E hoje eu sei o quanto estar atenta no agora moldou minha experiência profissional.

Recentemente, lendo sobre carreiras não lineares, enxerguei minha trajetória profissional por um novo filtro: nunca estacionada, sempre em movimento.

Se você tem sentido algum nível de ansiedade sobre o futuro da sua carreira, quero te convidar a pensar mais na intencionalidade do que na rigidez do planejamento.

Mas, calma: não é só sobre não estacionar

Não me entenda mal. Planeje. Planeje muito. Coloque seus objetivos no papel.

Meu convite é para você não engessar o pescoço olhando apenas para a estrutura do planejamento.

Carreiras são vivas, naturalmente desengessadas. Gire a cabeça, olhe a paisagem, ouça o que estão dizendo à sua volta, perceba o ritmo do seu entorno. Porque as melhores oportunidades de crescimento e desenvolvimento podem acontecer assim, fora do cronograma.

Só não caia no risco de acreditar que o melhor movimento é agarrar tudo o que aparece à sua frente.

Uma carreira não linear é diferente de mudar de emprego o tempo todo e não ter foco nos seus projetos.

Não é sobre pegar a estrada para um novo destino sem critérios ou mapa.

Celebrar carreiras não lineares é estar sensível às oportunidades que suas conexões de agora podem proporcionar e, assim, fazer escolhas intencionais.

Intencionalidade e criatividade

Minha história com o aprendizado técnico é, sem dúvida, nada linear. Quando jovem, meu desejo era estudar Direto. Porém, quando conclui o 2° grau do curso técnico de Contabilidade, ingressei na faculdade de Economia. Após 2 anos de curso, senti que não estava satisfeita com o que eu acreditava que era o meu rumo certo e mudei para a Engenharia Agronômica.

Não estacionei. Senti desejo por algo novo e segui viagem.

Minha carreira, também, nada linear:

● Em 1973, com 16 anos, fui redatora e vendedora de assinatura em um jornal local na cidade de Toledo (PR);

● Em 1975, meu segundo emprego foi no setor de escrituração fiscal na Cooperativa Agropecuária Mista Oeste Ltda. – Coopagro, também em Toledo;

● Em 1980, já em Curitiba, tive experiência em um renomado Laboratório Fotográfico Profissional, onde conheci os ícones da fotografia paranaense da época;

● Depois, trabalhei na área administrativa da Semer S/A, uma empresa que fabricava fogões;

● Trabalhei na Administradora de Consórcios Araucária e vendia carros e caminhões pelo telefone;

● Em 1993, trabalhei como professora substituta na Secretaria de Estado da Educação;

● Trabalhei na Keune Haircosmetics, como vendedora, na primeira equipe contratada com a chegada da distribuição da marca holandesa no Brasil;

● Durante o período que cursava agronomia na UFPR, trabalhei vendendo boi nas Fazendas Reunidas Boi Gordo e, também, vídeos técnicos agropecuários da Agrodata, em um negócio incrível, criado por um dos meus professores.

Profissionalmente, sempre tive o desejo de experimentar e crescer. Todas as decisões de curvas que tomei foram um misto de oportunidade e intencionalidade.

É uma arte articular o que você quer construir, o seu propósito, com as ferramentas que você tem disponíveis no momento. Na verdade, acredito que o próprio conceito simplificado de empreendedorismo é isso: construir o que se pode com o que se tem.

E, sem romantizar, não podia ser diferente. Como mãe, precisava buscar sempre formas de incrementar a renda da família, garantindo que tivesse sempre o melhor retorno com as minhas escolhas.

Empreender e seguir viagem

No empreendedorismo, não foi diferente. Vou resumir meu roteiro por todos os negócios que criei, para além da gestão na Executiva Outsourcing:

  • No último período da Universidade, e já com meu segundo filho pequeno, abri a minha primeira empresa. Trabalhava com fumigação e expurgo no Porto de Paranaguá. O trabalho ocorria em qualquer tempo, sempre que tivesse carga pronta e o clima permitisse a atividade nos porões dos navios. Além de executar a atividade colocando a mão na massa, fazia também o comercial da empresa, viajando e fechando contratos. Isso foi desgastante e exaustivo demais para o meu momento pessoal, então, deixei o negócio com o meu sócio nesta empresa e segui viagem;

  • Também em Paranaguá, mas agora já formada, prestei serviços como agrônoma para um laboratório de análises de grãos e sementes comercializados para exportação;
  • Depois, abri uma empresa chamada Cheiro de Perfume, realizando vendas in company de perfumes contratipos importados. Nesta empresa tive funcionárias contratadas e a metodologia de trabalho era similar à praticada por uma grande marca nacional de cosméticos. Mas o negócio não se sustentou financeiramente por conta da inadimplência dos consumidores, já que, na época, não era muito comum ter cartão de crédito e não existia o PIX;

 Mais uma vez, segui viagem.

  • Em São Paulo, participei de uma grande feira de beleza e conheci os representantes da Cosmética Argentina Primont. Então, fechei contrato com eles e abri o mercado curitibano como revendedora nos salões de beleza da cidade. Foi um sucesso! Realizamos eventos para divulgar a marca e, em pouco tempo, já tínhamos uma boa clientela. Mas, depois de algum tempo, passamos a ter problemas com o fornecimento de produtos por dificuldades enfrentadas pelo importador. Assim, resolvemos encerrar o negócio. Próximo destino;

  • Em 2019 recebi um convite para ser sócia de uma empresa Certificadora Digital. Assumi mais um desafio, conciliei as atividades desta empresa com as da Executiva Outsourcing. Abrimos vários pontos de atendimento por todo o estado do Paraná. Por uma alteração exigida pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI, que é o órgão do Governo Federal responsável por regular e fiscalizar o mercado), a empresa não conseguiu manter o lucro. Segui viagem!
  • Depois de tantas atividades, muitas delas em paralelo com a Executiva Outsourcing, decidi seguir dedicando meu tempo integral a ela. Durante a pandemia, contra todas as expectativas, foi o período que mais crescemos – e foi também quando mais nos dedicamos e buscamos manter todos os esforços concentrados em passar pela tempestade, inovando e buscando cada vez mais entender e resolver as necessidades dos nossos clientes.

Sempre mantive intencionalidade nessas mudanças de rotas. E, quando eu percebia que algo não estava dando o retorno esperado, eu seguia viagem sem medo.

É preciso desapegar das expectativas e seguir viagem sempre que for preciso. Tive frustrações, decepções, mas não as deixei me cansar.

Manobrar, fazer curvas, pegar uma nova rota sempre foi o meu estilo de viagem. Hoje, o mercado vê isso como uma tendência sem volta.

Carreiras bem-sucedidas são sobre o conjunto de habilidades lapidadas que você vai construindo com a experiência, não sobre uma decisão única e rígida.

A Executiva Outsourcing é meu negócio mais longevo, construído em parceria com meu sócio. Na empresa, trabalhei em todas as áreas: administrativo, financeiro, comercial, marketing e compras. E, nos finais de semana, se necessário fosse, ajudava na manutenção do escritório.

Hoje, vejo o legado desse movimento na minha filha. Ela estudou Oceanografia e teve uma excelente oportunidade de trabalhar na área,no último ano da faculdade, também no Porto de Paranaguá.

Dessa experiência, conseguiu um emprego no Terminal de Cargas do Porto e, quando se formou, já estava empregada. Começou na área de logística e depois migrou para a área de Tecnologia da Informação. Esta empresa passou por três gestões diferentes, e minha filha permaneceu, se destacou participando de uma grande mudança de sistemas, considerada a maior e mais bem sucedida ocorrida até então, e lá permaneceu por 9 anos.

Do mar para os sistemas, ela também seguiu viagem.

Às vezes, a oportunidade não está no cronograma. Se você tiver intenção e criatividade, vai saber tirar o melhor proveito do que surgir no seu caminho.

Contei tudo isso para te mostrar que, apesar de toda a ansiedade que nos cerca sobre nossas carreiras, há beleza na espontaneidade que está à sua volta.

Há beleza em seguir viagem, em partir para a próxima, em saber que nosso horizonte sempre é vasto se continuarmos intencionais e sem medo de nos manter em movimento.

E você, qual a parte mais inusitada da não linearidade da sua carreira? Compartilhe e incentive mais pessoas a acreditar que não estamos estacionados e que a viagem é, em si, já uma grande recompensa.

Obrigada por ler até aqui.

Sidênia Wendpap

Co-founder & Owner at Grupo Executiva

Leia mais