O lado invisível da confiança nos negócios

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Hoje, escrevo não só como sócia-proprietária da Executiva Outsourcing, mas como alguém que já precisou confiar mesmo sem ter todas as garantias. Porque a verdade é que, nos bastidores das decisões empresariais, existe um lado que quase ninguém vê: aquele momento em que a lógica não dá conta, e a intuição se torna bússola.

Em muitos momentos da minha trajetória, especialmente sendo sócia, precisei dar esse salto. Os dados estavam ali, mas e quando eles falham? E quando você descobre, por exemplo, que os indicadores foram levantados de forma errada? É nesse espaço entre o que é dado e o que é sentido que eu atuo. Observo, escuto, cruzo informações… e, se algo em mim diz que vale o risco, eu sigo.

A intuição, para mim, não é algo solto. É inteligência emocional acumulada. É experiência que fala baixo, mas fala firme. E aprendi a respeitá-la.

Para estruturar este texto, contei com um apoio que me marcou profundamente. Marilaine, nossa CEO, trouxe à conversa a visão de Aristóteles sobre narrativa, e me ajudou a organizar essas reflexões com mais clareza. Mais do que isso, ela me lembrou que confiança também se dá na forma como nos apoiamos mutuamente dentro da empresa. E esse cuidado, por si só, é um ato de liderança.

A confiança como ferida e como força

Sim, já confiei muito e quebraram essa confiança. E sim, doeu. Dói porque, quando você confia de verdade, você se abre. Quando há traição, não é só o profissional que se fere, é o pessoal também.

Mas com o tempo, aprendi a não confundir confiança com ingenuidade. Hoje, sigo acreditando nas pessoas, mas com mais atenção. Divido mais decisões, reforço processos e aposto na construção de uma cultura organizacional forte, onde a confiança seja um valor coletivo e não apenas um risco assumido por quem está no topo.

Nossa CEO compartilha dessa visão: “A confiança precisa ser um valor cultivado por todos, não uma aposta individual. Quando ela vira cultura, os resultados vêm com mais consistência.”

Como medir o invisível?

Talvez uma das perguntas mais difíceis seja: como medir a confiança dentro de uma empresa?

Eu aprendi a ler os sinais. O silêncio em uma reunião, o medo de admitir um erro, a queda de iniciativa, tudo isso fala. E eu escuto. Tenho o hábito de conversar com o time em momentos simbólicos, como aniversários de tempo de casa, e nessas conversas, percebo se ainda temos um ambiente de segurança.

E quando algo não está bem, eu não espero. Eu me aproximo. Pergunto. Me coloco também em vulnerabilidade. Porque confiança se cultiva com presença, não com controle.

Entre nossas trocas, um apontamento riquíssimo de nossa CEO: “A confiança aparece no silêncio ou na coragem de se expor. Está nos detalhes. Na Executiva, criamos espaços de escuta ativa para que essa confiança seja real e não apenas desejada.”

Verdades duras que ninguém te conta

A maior verdade que aprendi na prática? Que você pode fazer tudo certo e, ainda assim, alguém pode te trair.

Ninguém prepara a gente para isso. A confiança é lenta para ser construída, mas pode ser destruída em segundos. E isso pode acontecer mesmo sem falha da sua parte. Mas mesmo assim, ainda vale a pena confiar.

Porque liderar com desconfiança constante consome, isola e empobrece o ambiente. Eu prefiro correr o risco de confiar com sabedoria, com estrutura, com consciência, do que viver sempre na defensiva.

Na Executiva, temos buscado esse equilíbrio. E se hoje escrevo este texto, é também porque estou cercada de pessoas que acreditam na construção de um ambiente mais humano, sustentável e honesto. A Mari é uma dessas pessoas. Sua escuta e seu olhar estratégico ampliaram esse texto e, mais que isso, me lembraram que liderar também é aprender com o outro.

Se você é líder, talvez já tenha passado por isso tudo. Se ainda não passou, pode ter certeza de que vai passar. Mas o que você faz com essas experiências, isso sim é o que molda quem você se torna e o que sua empresa se torna com você.

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