4 lições sobre resultados que aprendi em mais de duas décadas de empreendedorismo

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Estas quase duas décadas de empreendedorismo me renderam algumas lições importantes, que precisam ser compartilhadas

Empreender no Brasil é uma atividade complexa e extremamente desafiadora, e não é para qualquer um.

Ocorre que, na realidade, romantismo à parte, não é bem assim. Estas mais de duas décadas de empreendedorismo me renderam algumas lições importantes, que irei compartilhar com você neste artigo.

Vocação empreendedora

A verdade é que não há uma receita de bolo quando falamos de empreendedorismo. Cada pessoa tem uma história específica e uma experiência igualmente singular. No meu caso, em particular, pude perceber alguns sinais da minha vocação empreendedora desde a infância e adolescência.

Caçula de cinco irmãos, filha de gaúchos descendentes de alemães, que migraram do Rio Grande do Sul para o Paraná em 1952, sendo fundadores do Distrito de Novo Sarandi, Município de Toledo, descobri desde cedo minha vocação para a liderança.

Desde os primeiros anos de escola fui líder de classe, auxiliando os professores, e sempre estive envolvida com as questões de eventos de datas comemorativas, redação e apresentações teatrais, organização de eventos de formatura, chegando a administrar a cantina do colégio para angariar fundos, contratar eventos como bailes, matinês, jantares na comunidade, contratação de ônibus fretado, enfim, tudo que trouxesse renda para possibilitar a realização do evento.

Também me envolvi com a gestão do movimento estudantil durante o segundo grau, cursando Técnico em Contabilidade no Colégio La Salle em Toledo.

Libriana e, por consequência, justiceira, sempre fui de tomar a frente das coisas, lutando pelo que acho correto e justo.

Empreender também envolve tropeços

Já na vida profissional, nunca fui de recusar trabalho, porque independentemente da área, sempre há algo a se aprender e, também, não havia tantas alternativas naqueles tempos, como há atualmente.

Eu iniciei minha vida  profissional, com CTPS assinada, aos 17 anos . Desde então, conciliava  o trabalho com os estudos. Cursei dois anos de Ciências Econômicas na UNIOESTE, enquanto trabalhava na escrituração fiscal da COOPAGRO. Meu desejo era cursar direito e, com isso, mudei para Curitiba, onde acabei optando pela Engenharia Agronômica. 

Em 2000, eu abri uma empresa em sociedade para prestar serviços de fumigação e expurgo, iniciando as atividades no Porto de Paranaguá, e ali, também, trabalhei como responsável técnica para uma empresa de Serviços de Análises e Laboratório.

A esta altura, já era mãe pela segunda vez, e meu companheiro, na ocasião, e pai do meu filho, tinha recém iniciado sua jornada como empreendedor e precisava de apoio, o que me levou a deixar de atuar como engenheira agrônoma.

Coragem para recomeçar do zero

Passei então a trabalhar como sócia, com ele, na Executiva Outsourcing, empresa especializada em terceirização de folha de pagamento e que também veio a ser pioneira nos serviços Gestão de Terceiros, que hoje é referência nacional neste mercado. Mas, além de todas as realizações e crescimento que o negócio teve desde a sua fundação (e tem até hoje), também é verdade que tivemos que navegar em mares revoltos durante essa longa trajetória. 

De tudo um pouco

Começamos na empresa com tudo emprestado. Só para se ter uma ideia, nosso primeiro computador foi adquirido através de financiamento bancário, em 36 vezes (acredite!). Meu pai foi nosso fiador junto ao banco. 

Passo a passo fomos crescendo, ganhando mercado e ampliando a torre de negócios. 

No início atuamos com a terceirização da folha de pagamento, depois começamos a realizar negociações sindicais e também a consultoria e auditoria. Enquanto o meu sócio executava as atividades pertinentes à natureza do negócio, eu realizava todas as demais funções da nossa empresa: o setor financeiro, desde o  faturamento, contas a pagar, conciliação bancária;  todas as atividades da área de facilities: contratações de prestadores de serviços e de serviços, manutenções, compras de equipamentos, suprimentos; as mudanças de endereço, com ampliação da sede por conta do nosso crescimento, aquisição do mobiliário, controle de patrimônio; RH com recrutamento e seleção, conferência e pagamento da folha, abertura de contas bancárias. Igualmente era – e ainda hoje é de minha responsabilidade, toda negociação e relacionamento junto às instituições bancárias.

O marketing também fazia parte dos meus afazeres. No início era por telefone, e-mail, e por panfletos que eram envelopados e endereçados um a um e despachados via correio para potenciais clientes escalados via listas telefônicas. Igualmente era minha atividade o agendamento de visitas e reuniões, compras de passagens aéreas, reservas de hospedagens, locação de veículos, para que meu sócio e a área comercial pudessem apresentar nosso trabalho para clientes em diferentes regiões do país. E, por fim, eu  encerrava a semana  limpando o escritório. Atendendo ao cliente, eu realizava homologações sindicais, conferência do cartão ponto um a um, onde desenvolvi uma interessante habilidade de visão 3D com imediata identificação de inconsistências nas marcações, separação e entrega das fichas de vale transporte, e outras demandas.  

No ano de 2007, já tínhamos muitos e bons clientes, e aproximadamente 35 colaboradores, mas então, naquele mesmo ano, enfrentamos uma grande crise, o que praticamente levou a empresa à falência.  Perdemos inúmeros contratos no período de um ano, não por incompetência, mas por questões de mercado: concorrência com multinacionais, processos de joint venture em algumas companhias, internalização dos processos e outros motivos. Com isso, tivemos que empreender grandes esforços para honrar nossos compromissos financeiros. Enfim, recomeçamos do zero

Primeiro cliente

Em meio a essa fase difícil, levamos um projeto para a Volvo e exatamente no dia 24 de dezembro de 2009 (em plena véspera de Natal), recebemos uma ligação do responsável pelo setor de compras da empresa anunciando que começaríamos a prestar serviço a eles. As atividades tiveram início em 1º de fevereiro de 2010.

Foi o nosso primeiro cliente de Gestão de Terceiros. Diariamente eu fazia o trajeto de Pinhais até a CIC, onde recebemos uma ampla sala nas dependências da Volvo, e ali tudo iniciou de forma manual, com arquivos de muitos papéis em armários, após serem lançados em planilhas de excel. Sinto imenso orgulho destes tempos. Pouco tempo depois, ficou evidente a necessidade de desenvolver uma ferramenta, até porque não havia mais espaço físico para armazenar tantos papéis. Foi aí que surgiu o SG3, que é até hoje o nosso sistema de gestão

Compartilhada a minha história, deixo, aqui, as quatro lições sobre resultados que aprendi em mais de duas décadas de empreendedorismo:

  1. Tenha um propósito: saber o que te move é fundamental. Quando comecei, meu propósito eram os meus filhos. Eu não tinha opções, o negócio precisava dar certo. Hoje, o que me move são os nossos quase 300 colaboradores, ou seja, as pessoas que integram nosso time. Meus colaboradores (e seus familiares, pois eles são chefes de família) e os estagiários, pelos quais me orgulho de estarem aprendendo uma profissão e encaminhando um excelente futuro;
  2. Seja determinado(a): determinação e coragem são imprescindíveis quando se quer empreender. Isso porque é necessário ter resiliência quando a situação apertar ou mesmo for preciso recomeçar do zero, como foi o meu caso;
  3. Capacidade de inovação: a Executiva não se tornou pioneira e referência no que faz do dia para a noite. Isso só ocorreu porque sempre estivemos atentos aos movimentos e desafios de mercado. Inovamos, ao perceber que a Gestão de Terceiros era (e continua sendo) uma demanda crucial para as organizações;
  4. Lisura: ter comprometimento e fazer as coisas necessárias e em tempo, e de forma correta,  possibilitou o sucesso da  minha trajetória empreendedora. Agir sempre com lisura me ajudou a conquistar credibilidade e confiança, abrindo as portas necessárias para nosso crescimento.

Gostou deste artigo? Espero que você tenha curtido muito estas lições de empreendedorismo e que elas possam ajudar sua trajetória a ser mais próspera. Siga acompanhando nossas dicas aqui no blog e em nossas redes sociais. 

Até a próxima!

Sidênia Wendpap
Co-founder Grupo Executiva

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